LOBAS - Mamar – Dependência e Conexão:
Movimentos: que enfatizem a sucção e a busca. Mãos que se aproximam da boca, corpos que se curvam em direção a centros de interesse (o peito da loba). Movimentos circulares e repetitivos podem auxiliar a expressar a relação de dependência.
Sonorização: Sons suaves e ritmados, como a respiração, o murmúrio ou algo similar a cadência de um bebê mamando.
LOBAS - Devorar – Prazer e Agressão:
Movimento: Aos poucos, o ato de mamar se intensifica, ficando mais voraz. O toque da boca se transforma em mordidas figurativas, que percorrem não apenas a "mãe", mas também podem se direcionar ao espaço (em especial quando a mãe é enfim devorada). Essa movimentação ressurgirá em determinado momento de contato com os irmãos. Introduzam movimentos que expressem essa tensão crescente, como puxões, trancos ou movimentos fragmentados e bruscos (há agressividade, mas eu deixaria ela mais implícita, como já está na cena, para que AGRESSÃO mesmo ocorra na luta de Romulo e Remo).
Sonorização: Respirações mais ofegantes, estalos da língua ou da boca, ruídos como o som de algo sendo mastigado.
R&R - Relação Incestuosa – Exploração Mútua:
Movimento: Após o devoramento das mães, os irmãos se encontram. Explorar a intimidade e a ambiguidade entre os irmãos. Movimentos que simulam um "beijar", como bocas que se tocam e se afastam. Fazer das bocas a centralidade da cena e o principal contato. Como uma dança de contato-improvisação a partir da boca. Tensão crescente a partir da simultaneidade do prazer e da competição.
Sonorização: Silabas. Esboço inicial de glossolalias. Silabas que façam alusões à palavras desconexas, ainda não é uma linguagem plena, mas que evoca imagens como "ba-ba", "ma-ma", e também ruídos experimentais que surgem do contato entre os corpos.
R&R - Conflito – Vontades que se Opõem:
Movimento: Para expressar o conflito, movimentos de oposição. Um irmão puxa o outro para um lado, enquanto o outro tenta ir para o oposto (alusão a briga deles de cada um decidir fundar Roma em um monte diferente do outro). Jogo de empurrar e puxar, usando cabeça, pescoço, ombros e peito. Movimentos de espacialidade direta e cortantes irão contrastar com os movimentos circulares e repetitivos do início.
Sonorização: Grunhidos de esforço, suspiros e vocalizações mais curtas e cortantes que ecoam o esforço de dominar o outro.
R&R - Morder – Violência e Separação:
Movimento: Surge o ato de morder como uma resposta à frustração. Testar mordidas que o público consiga enxergar ou entender que é isso que está ocorrendo. É possível testar o corpo todo "mordendo" (braços, pernas, até o torso podem se contrair e lançar em movimentos que simulam mordidas ou ataques). É possível tanto uma mordida lenta e dolorosa, como um bote, um movimento pulsante e rápido que expresse mais um impacto, como uma cobra peçonhenta.
Sonorização: Gritos de dor/incomodo/raiva, som de dentes se fechando ou batendo, algo que intensifique a brutalidade do momento.
R&R - Boca que Se Transforma em Arma – Grito/Guerra
Movimento: Após o clímax de mordidas , os irmãos podem recuar momentaneamente, criando uma distância física e psicológica. Esse espaço abre caminho para uma escalada emocional e corporal. A boca agora se torna um instrumento de violência vocal. Testar gritos de guerra ou rugidos, que reverberem pelo espaço. Os corpos respondem ao som: tremem, contorcem-se e parecem lutar contra a intensidade da vocalização do outro.
Gradualmente, o foco se desloca da boca para o torso, sugerindo que o grito “explode” para dentro, gerando movimentos torcidos, pulsantes, que vão descendo para os quadris e pernas.
Um dos irmãos tenta se erguer sobre o outro, com gestos ascendentes, mas o outro o derruba, como se reivindicasse supremacia.
Sonorização: de rugidos e gritos a glossolalias que se intensificam em tons mais graves, com momentos de silêncio abrupto seguidos por explosões de som. O grito de um irmão pode ser interrompido pelo outro, talvez até simbolicamente silenciado.
7. R&R - Da Boca ao Pé – O Assassinato como Fundação
Movimento: O irmão dominante, após derrubar o outro, começa a usar os pés de forma crescente. Primeiro, ele pisa ao redor do corpo do irmão caído, como se marcasse um território ou delimitasse um espaço sagrado (uma referência simbólica à fundação de Roma, quando Rômulo marca o pomerium, a fronteira sagrada da cidade). Os movimentos de pisar evoluem: começam lentos, ritualísticos, mas se tornam repetitivos e violentos. Ele pisa no chão, no corpo ou na cabeça do irmão, em um gesto mecânico e inexorável. Esse ato brutal simboliza não só o assassinato, mas também a transformação do corpo do irmão em alicerce para algo maior. Cada pisada reverbera pelo corpo inteiro, criando um ritmo crescente que lembra uma marcha. Outros movimentos podem sugerir a construção (mãos erguendo, corpos que parecem levantar algo invisível), mas o pé continua como centro do gesto.
Sonorização: Especificamente o som das pisadas, que vão se amplificando, criando um som ritmado, como um tambor de marcha militar. (pensando.... se há algumas sonorizações ou glossolalias que escapam do irmão vitorioso ou dos soldados deste momento até o cântico, se há gritos de guerra ou algo do gênero, ou se é só a marcha e ponto)
8. A Marcha de Roma
Movimento: Após o assassinato, o irmão sobrevivente começa a marchar. A marcha é inicialmente um gesto pequeno, quase tímido, mas cresce em escala, ritmo e grandiosidade. Alv, Are e Petrovna se juntam à marcha primeiro, como se o gesto do sobrevivente se multiplicasse para se tornar o fundamento de um exército. O corpo do irmão morto permanece por um tempo no palco, como um monumento. A marcha o contorna, mas nunca o toca diretamente, nunca lida tranquilamente com ele no meio do caminho, reforçando o peso simbólico de seu sacrifício. A coreografia termina com todos os corpos marchando em uníssono (em algum momento o irmão morto une-se à marcha), sugerindo a inevitabilidade e a brutalidade da fundação de Roma.
Sonorização: O som das pisadas é agora acompanhado por uma percussão crescente, evocando tambores de guerra. As glossolalias se transformam em um canto ritmado, repetitivo, como um hino primitivo à cidade recém-criada.
Dica para a Guerra - Transição da Boca ao Pé
Para conectar organicamente a boca ao pé, a chave é que aquilo que acontece na boca vá contagiando todo o corpo. A violência que começa na boca (mordidas, gritos) pode "se espalhar" pelo corpo. Algumas sugestões específicas:
Movimentos onde os irmãos parecem "engolir" o próprio grito, com o som reverberando no torso e nos quadris, criando uma ondulação corporal descendente.
Gestos onde os irmãos empurram suas bocas contra o chão ou contra o corpo do outro, literalmente levando o foco da boca para o solo.
O irmão dominante pode empurrar o outro ao chão com uma combinação de força vocal (grito) e física (gestos de empurrar com os braços e corpo inteiro), antes de começar a usar os pés como principal ferramenta de domínio.
Dica de Aquecimento
- Selinhos: Aproximar-se e distanciar-se de diversos modos, fazendo do contato da boca o principal contato. Fazer com que o selinho deixe de significar algo além de um contato como todos os outros, não para automatizar, mas para entender que também beijamos com as mãos, com os olhos, com o corpo todo. Diluir o tabu do boca-a-boca.
- Mordidas: Testar investigações da relação com os dentes, aberturas e fechamentos dos dentes sobre inúmeras partes do corpo, ficar alguns segundos assim. Um propõe uma "mordida" (conexão dos dentes e lábio sobre a pele, músculo, osso ou cabelo), fica um tempo, o outro, sem se desconectar da mordida, propõe uma segunda mordida, ficam assim uns segundos, o 1º agora altera a posição da primeira mordida, criando uma outra. Segue-se assim sucessivamente criando uma movimentação de pergunta e resposta entre mordidas e mais mordidas. Aproveita-se para testar o limite da pressão, pois a ideia e não machucar em momento algum. Atentar-se às dicas de simulação de briga que Thiago irá passar no primeiro dia de testes.
- Testar deslocamentos em linha reta, de um lado para outro da sala, conectados por peito, cabeça, ombros, pescoço e boca, do mais simples ao mais complexo, para ganhar confiança no apoio do peso e na relação de equilíbrio que deve ser descoberta em dupla.
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A criança começa a explorar outras formas de interação com o mundo através da boca, o que inclui morder. Morder pode ser entendido como uma expressão tanto de curiosidade quanto de agressividade incipiente, à medida que a criança experimenta novas maneiras de interagir com os objetos e as pessoas ao seu redor.
Ambivalência: enquanto o ato de sugar ou mamar simboliza um desejo de incorporar e de receber, o ato de morder pode representar uma expressão inicial de agressão, um desejo de dominar ou destruir. Essas polaridades estão intimamente ligadas ao conceito de pulsão, que na teoria freudiana é ao mesmo tempo construtiva e destrutiva.