ARGUMENTO: 

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Em O Dilema do Ouriço, Schopenhauer descreve a intrincada relação entre ouriços que tem como estratégia de sobrevivência frente ao frio a aproximação dos corpos. Quando muito próximos encontram calor, mas também se deparam com os espinhos de seus pares contra a pele. Se separados, o ar congelante evidencia a incapacidade dos seres de sobreviverem isoladamente. Se próximos demais, acabam feridos na mesma demasia. É necessário, portanto, encontrar a justa medida entre a distância e a aproximação.

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A performance Ouriço aproxima os performers desse dilema. Como consequência, são despidos do pudor, têm suas vulnerabilidades expostas diante do frio e, instigados a procurar calor no encontro com o outro, exercitam a justa medida apresentada pelo dilema.

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Este trabalho foi elaborado a partir do laboratório de criação do Núcleo Experimental de Butô, que investigou no primeiro semestre de 2023 as corporalidades de Tatsumi Hijikata, o criador do Ankoku Butô (Dança das Trevas). Investigou-se as danças possíveis à carne, onde a cabeça, o juízo, a linguagem perdem suas primazias. Buscou-se encontrar vida e movimento a partir das pistas que o corpo evidencia diante dos limites do frio, do calor, da nudez e do contato.

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Ouriço surge como uma prática onde a platéia não apenas assiste, mas é instigada a friccionar os sentidos fazendo vacilar a passividade do espectador frente a corpos em crise...

seja essa síncope do outro ou própria.