
falo a verdade,
mas não toda.
falo
quando necessário
aquilo que se deve saber
na hora certa.
no ombro direito a verdade,
no esquerdo a ocultação.
escondo protuberâncias
malas, ilusões.
num palco de teatro, lanço
um enigma espiritual, militar.

troto forte
para bater
bato
não caio
troto
forte
à cavalo
troto
não encontro o freio
atropelo o que está no meu caminho
lanço para fora, furo e sou
furado por uma lança

ao lado do bétilo
um silvo débio.
à meia noite das ursídeas
de dezembro
caiu na terra
o leão,
ferido, faminto.
encontrou comida.
e foi morto
por ela.
a besta enforcada pela própria boca
encontrará salvação na vingança de gennaios.

dois povos
duas civilizações
duas coisas
essenciais
duas
imagens
do espírito
feito carne
e que se batia
na carne
vem e vai puxado. foi artaud quem
disse aquilo, mas não isso.

águas
jorros
espuma de força
rio inteligente
crista que tremula ao vento
suores do sol
bola de fogo
céu do inferno
sangue
e excremento
“à maior distância que o esperma atinge nos dias em que o parricida ejacula [...] nunca se saberá onde nem por quem foi sua mãe realmente fecundada.” ordem invertida de trechos de artaud em “heliogábalo a anarquia coroada”.

se girar,
dançarei com você.
se não, se sim,
à última badalada,
levarei su’Alma.
a cada pulso
de minhas secas mãos
(sol cuceta),
o ponteiro caminha
um ponto.
sempre muito divertido
brincar de boneca.
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