Como recém chegado em um processo criativo já em andamento, sinto a necessidade de discorrer sobre os desafios de trazer para a esfera musical os anseios dos demais artistas envolvidos no que se refere a todo um imaginário já solidificado até aquele momento.
De que forma a paisagem sonora corresponde imagéticamente à locação ficcional de cada cena, além de pontuar transições sem deixar de lado a atmosfera e o temperamento prosposto pela ação em curso?
Às vezes terra, às vezes água, entidades que viram sereias e depois monstros. Combater, seduzir, amaldiçoar, inseminar e abençoar. Tudo isso no embalo de corpos carregados de eloquência a cada movimento.
Nesse contexto, e na companhia da bateria, que minha guitarra pôs-se também a dançar. Ora despindo-se, ora fantasiada, e, lançando mão de todo seu potêncial timbrístico ao desenhar contornos harmônicos exóticos, ela literalmente entrou em cena e aos poucos, a cada ensaio, foi sentindo-se verdadeiramente parte daquilo que ali, e aqui, e acolá, estava e está sendo construído.
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