cronos nos enfeitiçou.
em uma linha do tempo que corre e acelera, é mais fácil de se imaginar o fim do mundo do que a nossa salvação. as maravilhas da tecnologia nos colocam num túnel luminoso e somos pageades pelos algorritmos, que garatem que cheguemos ao destino final.
mas e se der pra abrir um furo nesse túnel? e se for possível chamar os terroristas pra bombardear esse tempo que nos sequestra?
talvez o fim do mundo seja mesmo o que precisemos agora. e que venha rápido, muito rápido, mas não pelas correntes de luz que nos empurram para o nada. mas pelos buracos que vamos arrombar nessa linha de desespero.
vamos combater os encantos com maldições. vamos acessar outras possibilidades de arrebatarmos nossos corpos, que estão cansados de serem arrebentados.
vamos juntas.
eu não posso amaldiçoar sozinha. eu preciso do teu, do seu e daquele corpo. preciso que sintas em mim onde dói e preciso ver em ti onde podemos chegar.
amaldiçoaremos com o peso do dedão do pé, o som dos cabelos, a voz das vísceras, o saber dos intestinos, as hematomas dos cotovelos, o sabor das cicatrizes, o tesão da saliva, o cheiro do coração e o pulsar da vontade.
almadiçoarei com a tua língua, com a mão do meu pai, o fígado de quem se foi e o fêmur de quem dança ao meu lado. e tu e todes poderão almadiçoar com a minha garganta e minhas costelas.
juntas, mataremos cronos para ver seus templos ruírem em manhattan. despedaçaremos cada pilar e com seus restos faremos farofa. porque, depois de tanta luta, vamos festejar.
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sábado, 07 de maio de 2022
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